Nossa História
OCUPAÇÃO DAS TERRAS
As terras onde do atual Município de Lapão, bem como de diversos outros da região, foram comercializadas, pela primeira vez, no ano de 1807. Na época, os herdeiros de Antonio Guedes de Brito retiraram do imenso latifúndio herdado uma porção de terras denominada "Barra de São Rafael" e venderam para Joaquim Alves Ferreira, Joaquim Gomes Pereira e Domiciano Barbosa Pereira.
Anos depois, a descoberta de ouro nas serras do Assuruá, atual Município de Gentio do Ouro, no ano de 1836, atraiu centenas de garimpeiros e acelerou o processo de ocupação de terras. Assim, em 1840, o garimpeiro e fazendeiro João José da Silva Dourado comprou um latifúndio chamado "Lagoa Grande" retirado da "Barra de São Rafael", pela quantia de 1 conto e duzentos mil reis. Em 1870, seus herdeiros vieram de Brotas de Macaúbas para o lugar châmado Mundo Novo, atual América Dourada.
Por volta de 1895, Herculano Galvão Dourado, um dos herdeiros de João José, juntou-se com alguns familiares e ex-escravos, entre os quais Fernando Oliveira e sua esposa Sebastiana e se aventurou pela caatinga, em busca de um bom lugar para construir um povoado.
Herculano e os demais ocuparam uma área de terras chamada Fazenda Boi, dentro do atual município de Lapão. O nome foi inspirado em um boi solitário que se encontrava próximo a uma lagoa cheia de água.
O DESCOBRIMENTO DO LAPÃO
No ano de 1900, Lapão era coberto por caatinga, onde havia muitos animais e abundância de mel, produzido por diferentes espécies de abelhas.
Pedrinho estava em uma caçada com os companheiros João e Antonio Nenê de Matos, quando decidiu separar-se deles e ir caçar em outro trecho, sozinho.
Pedrinho localizou uma gameleira frondosa. Percebeu nos arredores a existência de juritis, pombinhas e perdizes. Ao chegar mais perto viu uma enorme Lapa de Pedra e uma revoada de pássaros descendo do pé de gameleira para dentro da Lapa Grande ou Lapão, onde havia um "rio subterrâneo", cuja água atraia animais e aves.
Durante algum tempo, Pedrinho escondeu dos companheiros sua importante descoberta, mas passou a ser seguido e foi encontrado deitado próximo à boca do Lapão.
E por isso, Pedrinho, que você deixou de sair com a gente! - reclamou Antonio Nenê de Matos. Pedrinho disse-lhes que o lugar era seu, pois foi ele quem descobriu.
Os companheiros discordaram dele. Disseram-lhe que as terras pertenciam a Herculano Dourado, que morava na Fazenda Boi.
Pedrinho não quis ir contar para Herculano que tinha descoberto o Lapão nas terras dele. Seus companheiros, no entanto, foram e avisaram ao legítimo proprietário que tinha sido descoberto uma fonte de água em suas terras.
Herculano mandou chamar Pedrinho para uma conversa, mas não foi atendido. Mandou então Fernando Oliveira, seu ex-escravo, beneficiado pela Lei Áurea e mais dois homens procurarem Pedrinho e avisarem para ele: "isso aqui tem dono". Disse-lhes também que o trouxessem vivo, mas bem amarrado, pois tinha muita coisa para lhe dizer.
Depois de uma longa conversa, Herculano mandou soltar Pedrinho. Permitiu que ele continuasse em suas terras, usando a água do Lapão e ainda lhe deu um pedaço de terra para cultivar. Ainda em 1900, Herculano decidiu colonizar suas terras, fundando um povoado.
O INÍCIO DO NÚCLEO HABITACIONAL
A ocupação de Irecê ocorreu como conseqüência de movimentos migratórios em busca de terras férteis, água e minérios. A história da ocupação de Lapão está diretamente relacionada a de Irecê, de onde o município foi desmembrado.
Herculano queria construir um povoado e para isso não se importava em repartir sua terra, dando um pedaço para quem quisesse construir uma casa, "botar uma roça" ou um criatório de gado.
Pediu aos moradores de América Dourada que avisassem a todos os fazendeiros que moravam em outras regiões e que tinham gado que ele, Herculano, queria fundar um povoado. Estava dando terras para quem quisesse nas proximidades de um rio subterrâneo que ficava embaixo do Lapão.
Com o passar do tempo, a fonte do Lapão começou a atrair dezenas de pessoas. Elas iam se aglomerando no lugar que ainda não tinha capela, nem cemitério, nem higiene, nem estradas. Havia apenas picada ou carreiros por onde transitavam as boiadas, jumentos, cavalos e pessoas, embaixo de uma grande poeira avermelhada. O gesto benemérito de Herculano, que tinha visão futurista, possibilitou o surgimento e desenvolvimento do núcleo habitacional chamado Lapão.
Lapão já nasceu consolidado. Tinha um rio subterrâneo, terras férteis, madeira abundante, muita caça e muito mel. Tinha tudo para sobrevivência de um povo. Além disso, estava relativamente próximo de outros centros comerciais como Morro do Chapéu, Xique-Xique e Canarana.
CRIAÇÃO DA VILA
Lapão foi elevado à categoria de Distrito em 07 de Julho de 1955, através do Decreto Lei Estadual n° 16.279. A instalação ocorreu no dia 20 de setembro de 1955.
Do ponto de vista político administrativo, Lapão estava diretamente subordinado a Irecê. O progresso do lugar, no entanto, dependia pouco do município, cujo desenvolvimento ficava aquém do povoado que acabava de conquistar o "status" de Vila.
INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
No dia 01 de Janeiro de 1986, a Dra. Zaudith Silva Santos, Juíza Eleitoral da Comarca de Irecê e Ozófio Manoel de Miranda, Escrivão Eleitoral, de acordo com a Lei n° 4.445, de 09 de maio de 1985, publicado no Diário Oficial de 10 de maio de 1985, declarou instalado o Município de Lapão, desmembrado de Irecê. O evento contou também com a presença do prefeito, vereadores e autoridades locais.
É justo ressaltar que o Projeto de Lei que converteu-se na Lei n° 4.445/1985 foi de autoria do Deputado Estadual Edivaldo Santos Lopes, in memoriam.
A história completa de Lapão encontra-se no livro: "Lapão, Cem anos de História", do escritor Jackson Rubem, uma obra com 718 páginas. Veja mais em: wmv.lapao.net